A mim parecia-me sempre que escrevia os livros numa noite. Só um artista de alma e coração pode saber aquilo de que eu estou a falar. De não dormir porque os dedos correm demasiado devagar atrás das nossas ideias. Hoje faleceu Saramago. Muitos o criticavam por causa da sua escrita, da sua pontuação, mas eu rio-me para dentro e reconheço essa caracterísca tal como reconheço a assinatura de um pintor e sei precisamente de onde vem, do mesmo ardor, da mesma paixão incansável, quase doentia da necessidade de criar. De cada vez que peguei no Memorial, ou no Levantado do Chão foi sempre assim, não descansei até á ultima página.
Perdoa-nos por tudo aquilo que tão tarde reconhecemos em ti.
Escreve sem folego no céu dos poetas.
Até sempre.
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