terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Amo o meu móvel


O amor é um lugar estranho.

Começa muito brilhante, cheio de sol, parece que de repente é Verão o ano inteiro. Não se consegue trabalhar, ler ou estudar, é-se adolescente mais uma vez. Parece que nos ligámos á tomada e uma onda brilhante de alegria invadiu a nossa vida. Depois, com o passar dos meses e dos anos, este brilho vai espairecendo, suavizando até só dar umas luzinhas de vez em quando.

Habiatuamo-nos a ter aquele móvel em casa, parece que não é doce nem salgado, serve para existir, até ao dia em que repente caímos em nós e pensamos E se ele não estivesse aqui? A resposta: se aquele móvel não estivesse aqui, a minha vida muito mais pobre, muito mais castanha do que azul celeste.

Foi o meu móvel que inventou o nome da minha marca. Foi o meu móvel que esteve do meu lado sempre, como um leão observador, atento e silencioso. Desde que abri a minha loja, as coisas todas mudaram, as prioridades alteraram-se e tudo ou quase tudo era em favor daquele espaço maravilhoso e cor-de-rosa (hoje é verde) que criámos juntos. Cinema, teatro, zoo ou simplesmente dar uma volta na rua tornou-me uma pessoa muito mais... gordinha e muito mais impaciente, enervada, irritada.

Para trás ficou a arrumação da casa, o ginásio, o aikido (sou 3º Dan), as aulas de japonês, a confecção das refeições com extremo cuidado, a minha saúde e quem sabe se o meu adorado móvel.

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